A IGREJA EVANGÉLICA É DE CRISTO?
Há uma inquietação constante em meu coração que me diz que a
igreja de hoje não tem a ver com o Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo.
Jesus não veio fundar uma instituição religiosa. Isso foi
coisa de homens. Podemos inferir que foi o Imperador Constantino quem fundou o
Cristianismo, quando o decretou a religião oficial de Roma. A partir daí
surgiram as basílicas, obras monumentais caras, com todo tipo de enfeite e
ostentação luxuosa, tão distante da manjedoura onde nasceu o Mestre. Ambiente
tétrico, lúgubre, escuro, com velas acesas lembrando velório. Silêncio. Nenhuma
voz se ouve, apenas sussurros dos desesperados procurando solução para os seus
problemas que só aumentam a cada dia.
A igreja dita “evangélica” de hoje, estão apregoando de tudo,
menos o evangelho. Vivemos numa sociedade de consumo. As pessoas consomem de
tudo: leite, carne, biscoitos, diversão e religião. É produto de consumo. Fazem
mais sucesso as melhores promoções: campanha rápida de sete dias para o sucesso
financeiro. A vó feiticeira do bairro também distribui panfletos prometendo
amarrar o namorado em sete dias garantido,
ou seu dinheiro de volta. Qual a diferença entre essas duas práticas? É a
mesma. Sincretismo religioso. Bruxaria. É tentar manipular Deus através de uma
atividade do diabo que mexe com dinheiro, que quer fazer as pessoas ricas se
tão somente prostradas o adorar.
Tenho plena convicção de que Jesus não entraria em nenhuma
igreja evangélica de hoje ou senão para expulsar os vendedores de óleo, rosas, chapéus,
lencinhos ungidos e amuletos em geral.
Encontraríamos Cristo na esquina, sentado com o pessoal do
churrasco, conversando sobre os valores do Reino de Deus e compartilhando da
alegria juntamente com eles. Seria chamado de pecador, publicano, amigo de
beberrões, prostitutas. O chamariam endemoninhado, que faz milagres por Belzebu,
o príncipe dos demônios. Essa mesma história se repetiria hoje após dois mil
anos e ele seria novamente morto.
Jesus veio trazer uma mensagem do Pai aos corações de gente
simples, pobre, doentes, que estavam fora do templo, das sinagogas. Pessoas da
rua. Uma mensagem de transformação. O essencial da vida para ser feliz. Veio
trazer novos valores para que o homem substitua os seus antigos valores pelos
valores do Reino que são melhores.
Jesus começa o seu ministério desvalorizando o que o homem
mais valoriza: o dinheiro e as coisas materiais. Porque no Reino de Deus os
valores são as vidas, o ser e não o ter as coisas. Ele manda ajuntar tesouros
no céu e nunca na terra.
Os evangélicos só pensam no dinheiro, em comprar carro novo em
prosperar em amontoar bastante dinheiro na terra, o que está totalmente fora da
mensagem de Jesus. Eles vão à igreja para melhorarem de vida financeiramente.
Pastores compram mansões, carrões, aviões e suas mulheres compram joias
caríssimas e as exibem nos púlpitos de suas igrejas luxuosas mentindo para as
pobres do salão que mal tem o que vestir ou o que comer e muitos deitam na
sacola o dinheiro da condução e volta para casa a pé, achando que Deus está
aprovando isso e que serão então recompensados.
Produzem pessoas maldizentes, coração duro, linguagem
pesada, julgam as pessoas. As exceções são raras. Estão sempre espreitando a
vida alheia e fofocando para as amigas a vida do fulano ou cicrana. “Você sabia
da fulana? Não! Me fala!!!” Me diga se não é verdade!
Um pastor de terno e gravata, adentra o salão a partir de
sua sala pastoral, indumentária que Jesus nunca usaria. Gritando, esperneando,
tentando introduzir sua mensagem nas cabeças das pessoas, ameaçando de púlpito,
revelando, cultuando anjos, mandando as pessoas gritarem e dando ordens a Deus “eu
exijo meus direitos...” “eu declaro...”
O louvor é um show para demonstração de talentos. Muita gritaria,
barulheira e nada de unção. Sem oração, sem consagração prévia. Promíscuos no
louvor.
A falta de amor e perdão é uma marca desses “crentes”. A
Bíblia está repleta de textos que falam sobre o amor e condição para sermos discípulos
de Cristo: amarmos uns aos outros. Acusa-nos de mentirosos quando não amamos o
irmão e declaramos nosso amor em Deus. No entanto o que assistimos são vidas
magoadas, que não perdoam, guardam ressentimentos, não cumprimentam ninguém ou somente
aqueles que fazem parte do seu grupelho.
As suas mentes estão cauterizadas,
não ouvem, não praticam o que ouvem e a maioria não sabe o que foi pregado no
dia seguinte.
Deus não está exigindo isso de ninguém, não está marcando o
ponto dos que deram o dízimo ou não deram. Esse sacrifício inútil aos domingos.
Esse turismo religioso de igreja em igreja. Deus está cansado de sacrifícios.
Tenho para mim que o que é mais importante hoje e suficiente
é manter a fé em Cristo, porque só Ele salva e dá a vida eterna. Isso é muito
importante.
Esquecer o Velho Testamento. Ele está morto. É apenas um
livro de histórias, da saga dos Judeus. Não serve como modelo, bússola para o
novo modelo de adoração que Jesus instituiu.
No novo testamento, ater-se principalmente às Palavras de
Cristo registradas nos quatro primeiros evangelhos. Há material ali para se
pregar por séculos e ainda assim ter mais assunto.
Fazer uma reunião em sua casa com os seus. Adorar a Deus,
louvá-lo, partir o pão e celebrar a vida com os mais chegados.
Convidar alguns vizinhos para um chá, compartilhar com eles
e ser feliz. Isso é agradável a Deus.
Pr José Videira